A – Em que pessoa se vai expressar a voz narrativa?
Resp. Vai se expressar na 1º pessoa do singular
B – Que parte do texto mais se assemelha a um curriculum vitae? E a enxerto autobiográfico?
Resp. Estudei no Colégio Sagrado Coração de Maria, no Porto, e quando tinha 17 anos inscrevi me na Faculdade de Letras de Lisboa, em Filologia Clássica, curso que aliás não terminei. Antes 25 Abril de 1974 fiz parte de diversas organizações de resistência, tendo sido um dos fundadores da Comissão Nacional de Socorros aos Presos Políticos.
Depois de 25 Abril de 1974 fui deputadas à Assembleia Constituinte (1974 – 1976) e detesto escrever Currículos …
B - (1) - comecei a inventar a historia para crianças quando os meus filhos tiveram sarampo. Era no Inverno e o médico tinha dito que eles deviam ficar na cama, bem cobertos, bem agasalhados. Para isso era preciso entretê-los o dia inteiro. Primeiro, contei todas as histórias que sabia. Depois, mandei comprar alguns livros que tentei ler em voz alta. Mas não suportei a pieguice da linguagem nem a sentimentalidade da” mensagem” ; uma criança é uma criança, não é um pateta. Atirei os livros e resolvi inventar. Procurei a memória daquilo que tinha fascinado a minha própria infância. Lembrei-me de que quando eu tinha 5 ou 6 anos e vivia numa casa branca na duna - a minha mãe me tinha contado que nos rochedos daquela praia morava uma menina muito pequenina. Como nesse tempo, para mim, a felicidade máxima era tomar banho entre os rochedos, essa menina marinha tornou-se o centro das minhas imaginações. E a partir desse antigo mundo real e imaginário, comecei a contar a que mais tarde chamei Menina do Mar.
Os meus filhos ajudavam. Perguntavam:
De que cor era o vestido da menina?
O que é que fazia o Peixe?
Alias, nas minhas histórias para crianças quase tudo é escrito a partir dos lugares da minha infância.
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